
Nas últimas semanas grande parte do noticiário esportivo informava a contratação do lateral-direito Marcinho pelo Athletico Paranaense e, visto por um contexto técnico do jogador, entende-se que foi uma contratação dentro do escopo do clube, que poderá ser interessante para o plantel rubro negro.
Porém, se apenas a dúvida sobre a técnica do jogador fosse o principal assunto, seria um problema tranquilo a ser resolvido, ou pelo menos, tentado a ser resolvido, visto que o clube tem grande notoriedade na recuperação física e técnica de atletas que não estão tão desejados no mercado, como foi o caso recente do atacante Walter, que estava com sobrepeso e teve sua recuperação no CT do clube.
O problema maior surgiu quando o torcedor mais despercebido foi pesquisar quem era o lateral, que infelizmente conta com uma história nada invejável.
Em 30 de dezembro de 2020, o jogador atropelou e matou Maria Cristina José Soares e Alexandre Silva de Lima. A pena é de dois a quatro anos de prisão, mas pode aumentar em um terço por causa da falta de socorro.
Em fevereiro deste ano, Marcinho foi denunciado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro por duplo homicídio culposo, quando não há intenção de matar, com o agravante de não ter prestado socorro às vítimas no local.
Dentro deste contexto, analisamos o que faltou ao atleta e ao clube para que essa situação pudesse ser gerida da melhor maneira possível, pois o silêncio por parte do Clube - apenas com um breve pronunciamento do Presidente, Mario Celso Petraglia - de que o Athletico “tem a cultura e a política de dar oportunidades àqueles que pedem, ajudando na recuperação de jogadores e cidadãos”, não é a maneira mais usual e assertiva ao momento.
Ao olhar estratégico e profissional da situação, para o Clube, seria melhor a não contratação do atleta, visto que a imagem com patrocinadores e com os próprios torcedores poderá se fragilizar, tendo que arcar com uma gestão de crise muito maior do que se apenas não tivesse sido realizada.
Por isso é importante o trabalho com o atleta desde jovem, dando ênfase em uma boa assessoria de imprensa, que saberá trabalhar situações pontuais, juntamente com um profissional da psicologia que entenda a verdadeira posição do atleta, seus medos, receios, incertezas, fraquezas e tudo que um ser humano possuí, pois todos somos falhos.
Aos atletas nessa situação, esse tipo de trabalho deveria ter sido realizado há tempos, desde muito jovens, para que soubessem que todas as suas atitudes terão enorme repercussão, sejam elas positivas ou negativas.
A forma como o lateral agiu à época do fato, fugindo do acidente, mostra como o ser humano é falho, como existem medos e fraquezas em todos nós, e isso deve ser trabalhado para que as situações extracampo não conflitam com a vida profissional do atleta.
Marcinho atualmente está com o contrato assinado até o final do ano com o Athletico, mas sabe-se que toda essa situação não será esquecida do dia pra noite, e que sim, haverá muita cobrança por parte da torcida, o que poderá influenciar negativamente no desenvolvimento do core business do atleta, que é o seu futebol, o rendimento dentro de campo.
Ou seja, tudo isso só mostra o quanto é necessário que o atleta esteja rodeado de profissionais que saibam como gerir sua carreira, para que conflitos como este não tenham influência (ou que ela seja mínima possível) em seu trabalho dentro de campo, pois hoje em dia não existe mais espaço para amadorismo no futebol.
Por Clayton Gemba Jr
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